quinta-feira, 23 de abril de 2015

Leonardo da Vinci e seu Supercérebro

Fonte: Cia. das Letras, 2004.
A coleção Mortos de Fama, publicada no Brasil pela Cia. das Letras, é composta por uma série de biografias de grandes nomes das mais diversas áreas. É voltada para o público infanto juvenil, e traz de maneira bem humorada, através de um conjunto composto de texto e divertido e ilustrações relativamente simples, a história destas pessoas mundialmente famosas.
"Leonardo da Vinci e seu Supercérebro" não foi o primeiro livro desta coleção que eu li, mas é o primeiro sobre o qual escrevo. O livro narra um pouco sobre a vida de Leonardo da Vinci, descrevendo de forma clara e bem humorada o cenário em que viveu este grande gênio: "os Estados Desunidos da Itália". Em uma época turbulenta onde trocas no jogo do poder eram constantes, da Vinci emergiu como o grande nome de seu tempo, "o homem renascentista", e seu talento era sempre requisitado pelos governantes tanto pelos seus talentos artísticos como pela sua engenhosidade militar. E da Vinci se via constantemente servindo a novos patrões, devido ao já citado jogo do poder que corria em seu tempo. Isto não lhe era necessariamente um empecilho; é descrito que ele não via nenhum problema em "atender aos caprichos de quem quer que estivesse no poder, desde que pudesse continuar a exercer a sua arte".
É interessante como é descrita a juventude de Leonardo da Vinci. Um jovem observador, inquieto, criativo e com mil idéias sobre as mais diversas coisas ao mesmo tempo. Seu período de aprendizado em Florença, a maneira como acaba por superar seu mestre e as suas técnicas desenvolvidas para a pintura são pontos altos deste livro.
Após sua morte, da Vinci foi lembrado por ser um grande pintor. Somente no século XX, com a descoberta de muitas de suas anotações, é que o mundo teve conhecimento do quão polivalente este gênio era: além de pintor, era arquiteto, engenheiro, anatomista, etc. Muitos de seus projetos, principalmente os relacionados ao uso do potencial destrutivo da água e os de criação de uma máquina voadora podem parecer bem inocentes quando vistos sob nosso ponto de vista, pessoas do século XXI. Mas se nos colocarmos em seu lugar, a mais de 500 anos atrás, percebe-se que são muito à frente de seu tempo sendo inclusive precussores de muitas das tecnologias das quais dispomos hoje. Submarinos, pára-quedas, tanques de guerra são apenas alguns dos exemplos.
Uma das passagens mais divertidas deste livro, na minha opinião, é a descrição de Nicolau Maquiavel, carregada de todos os estereótipos conhecidos. Eis um trecho:

"Nicolau Maquiavel (em italiano, Niccolô Machiavelli) era um funcionário da nova República de Florença, já livre dos Medici. Entrou para a história como um cara traiçoeiro e cheio de manhas, tanto que seu nome é usado para descrever uma pessoa pérfida, que vive tramando planos secretos para prejudicar alguém.
Quando não estava tramando alguma coisa, bajulando o César Bórgia ou ajudando-o em seus planos perversos de dominação da Itália, Nicolau passava o tempo trabalhando em seu livro, que seria intitulado O Príncipe, boa sorte do que se baseava na vida do César. Nele, Nicolau sugere que em vez de procurarem ser bonzinhos, os governantes deveriam manter o poder sendo desonestos, desalmados e sem escrúpulos, ter punho de ferro e até apelar para um pouco de torturas criativas, se fosse o caso, a fim de construir uma sociedade estável e feliz".

Eu recomendo este livro para aqueles que gostariam de saber um pouco mais sobre o maior dos homens renascentistas. Um ótimo livro, envolvente e de leitura fácil e casual. Como é descrito em sua capa, divertido de morrer - interessante de morrer - famoso de morrer.

Referências

Cox, Michael. Leonardo da Vinci e seu Supercérebro. Ilustrações de Clive Goddard; tradução de Eduardo Brandão. São Paulo, Companhia das Letras, 2004.